Tuesday, November 21, 2006

Oi Henrique

Tudo bem?

Eu queria tanto poder falar com voce. Estamos vivendo tantas coisas parecidas… Desde que voltei do Brasil fico me perguntando se vale a pena ficar mais tempo aqui ou voltar para o Brasil, mesmo sem ter um emprego por lá e ter a possibilidade de amargar um bom tempo de vacas magras…

Outro dia li um cara, especialista em RH, que dizia: "as vezes cinco anos de experiência pode significar cinco vezes a repetição da mesma coisa". Lembrei-me de você completando seus trinta anos de novo. O engraçado é que no Brasil parece que as coisas pararam no instante que eu o deixei. Gostaria de ficar só mais alguns meses aqui, até maio ou junho. Assim teria tempo de terminar o que comecei e voltar tranqüila, sem deixar o meu chefe na mão. E ainda batalhar por aulas do segundo semestre noBrasil.

Estou tão cansada da convivência com os brasileiros ilegais. As vezes me pego sentindo um enorme carinho por eles, afinal me ajudam muito. São eles que cuidam de mim quando fico doente, triste. Mas sempre tento não me envolver demais, pois sei bem que a vida de boa parte deles é baseada em mentiras e mais mentiras.

As mentiras são tantas que as vezes parecem verdade, decentes, aceitáveis... pessoas de bem.

A vida com os americanos também não é tao fácil. São prestativos mas educadamente ignorantes e ignorantemente preconceituosos.

Um beijo,

Silvia Oloris

* Silvia vive há uns bons anos nos Estados Unidos, onde trabalha em pesquisas ligadas ao câncer e à imunoterapia. Agora, depois de desistir de desistir da vida por lá, prepara-se para ir à Minnesota junto com o labaratório de seu chefe. Vai ganhar mais dinheiro e mais flexibilidade.

Saturday, November 11, 2006

O fantástico mundo virtual e o sangue borbotoante de Mino e Mainardi

Sou adicto, não nego! Minha droga de escolha é a internet. Enche-me de ânimo a possiblidade de falar com gente do mundo todo (não que eu o faça), assim como saber o que acontece ao redor do globo e, principalmente, no meu Brasilzão. Mais ainda nesse quase um ano e meio que estou fora. E o melhor: tudo isso sem gastar um tostão furado (quer dizer... uns tostões sempre gastamos).

Esta semana minha atenção está voltada para a troca de porradas virtuais entre Mino Carta e Diogo Mainardi. Ambos são jornalistas renomados. Tiveram e têm um grande poder nas mãos. Carta já trabalhou para o Jornal da Tarde, Quatro Rodas, Veja e hoje dirige a redação da Carta Capital. Mainardi é colunista da revista Veja e, se não me engano, apresenta ou apresentava o programa Conexão Manhattan. Ambos são conhecidos por um temperamento um tanto quanto tempestuoso.

Se querem se divertir como eu estou me divertindo, visitem o Blog do Mino e leiam sua defesa-ataque ao que Mainardi declarou em seu espaço, no Podcast da Veja. Espero que a briga continue na semana que vem.

Tuesday, November 07, 2006

30 de novo

Sábado passado, dia 4 de novembro de 2006, completei mais uma primavera, como gostava de brincar o meu amigo Guilherme. Seria primavera se eu estivesse no Brasil. Como estou na Inglaterra, é outono. E outono com cara de inverno brasileiro. Mais especificamente o inverno de Vargem Grande Paulista, onde, vez ou outra, os termômetros batem no congelante zero grau.

Mas isso não vem ao caso. O que importa é que esta é a segunda vez que completo mais um ano de vida aqui em Londres. Diferentemente do primeiro, quando fiz 30 pela primeira vez, estou mais acostumado com a cidade e com a vida dura, que nem está tão dura assim (pôxa. Acostumei mesmo). Também tenho um círculo de amigos bem interessantes. Não que os de um ano atrás não fossem. Eram. Mas em menor número (uns, tenho que dizer, eram estúpidos mesmo. Outros, continuam meus amigos). Sem contar que eu não tinha “tempo” livre para desfrutar daquelas companhias. Então, acho que proporcionalmente, tornei-me menos desinteressante.

O que eu quero dizer é que agora, quando completo 30 de novo, sinto-me mais em casa. Também sinto-me mais acolhido e acolhedor. E junto com isso tudo não estou sentindo um ano a mais nas costas. Tanto que, deliberadamente e descaradamente, repito a mesma idade do ano passado (meu irmão do meio, o Fabrício, vulgo Fafá, que não gostou muito. Ímagino que seja porque ele me alcançará a partir do dia 4 de fereiro próximo. Azar o dele! rerererere).

Bem que dizem que o ser humano é capaz de se adaptar a qualquer situação. Verdade pura!!!
Isso faz com que eu me sinta mais humano!

* Nas fotos, eu e elas, do jeito que tem que ser, e alguns camaradinhas.

Sunday, October 15, 2006

Fernando Pessoa e a lua e eu e o Brasil


Pessoa (Fernando) disse que “a lua (dizem os ingleses) é azul de quando em quando”.
“Será?”, pensei eu meio que duvidando.

E outro dia mesmo, supreendendo-me como que de propósito, ela brilhava no céu com sua aura totalmente azulada. Um tanto diferente da amarelada e da esbranquiçada, que eu estava acostumado a apreciar.

Mais surpresa teve pela frente. Numa outra noite, só para esnobar, o satélite esverdeou.

Put* que pariu: verde, amarelo, azul e branco na lua! Ou eu aluei-me ou estou com muita saudade do Brasil.

* Na foto, a lua mostra sua aura azulada no céu da Inglaterra.

Saturday, October 07, 2006

Ainda bem que sou apenas um rapaz latino americano


Que graça teria ver o Big Ben, a London Eye, o British Museum e tantas outras coisas mais se eu fosse inglês? Será que meus olhos encantar-se-iam ao se depararem com o Queen Mary’s Garden, no Regents Park? E que valor teria uma morena (ou loura, ou ruiva, ou...) alta (ou baixa), magra e de olhos azuis (ou verdes) se eu as tivesse abundantemente disponíveis para, no mínimo, um deleite de olhar?

Se eu fosse inglês, o relojão ali do Parlamento serviria apenas para me dizer a hora do chá e todos os olhos de todas as minhas mulheres seriam friamente azuis. Da mesma forma, todo o meu mundo seria visto sob essa óptica. Por isso eu beberia a valer.

Pior ainda seria se eu fose do leste europeu. Dependendo do meu país de origem, eu teria os mesmos direitos trabalhistas dos ingleses. Seria até mesmo parecido com eles. Poderia pegar um avião na sexta-feira à noite e, em poucas horas, estar com minha família para o jantar. Mas nada mudaria a minha origem pobre e sofrida. Mesmo sendo branco (porque se eu fosse do leste europeu acharia que os brancos são realmente uma raça superior), eu ainda teria que trabalhar como um estúpido e ganhar menos até do que os sul-americanos. Acharia também que os ingleses são as pessoas mais importantes do mundo tão e somente porque são mais ricos do que eu.

Ainda bem que eu venho de um país tropical.

* Na foto, eu finjo que sou inglês ao virar as costas para o Big Ben, o relógio mais famoso do mundo. Mas isso diz nada, diz?

Thursday, September 28, 2006

A lua, o Thames e o raio dos Ups and Downs


Ups and downs é uma expressão em inglês usada para explicar a personalidade instável de uma pessoa. Pode ser comparada aos “altos e baixos” que se diz no Brasil. Por exemplo, se fulano sente-se bem pode-se dizer que está up, para cima. O contrário disso é o down, “para baixo”.

No Brasil, diz-se também que as pessoas com essas características são “de lua”. Nunca havia entendido direito o porquê desse termo. Bem verdade também que eu nunca havia parado para pensar sobre o assunto. Até o dia em que o professor apresentou à minha classe esse tal de ups and downs.

Daí a ligar o termo ao “de lua” foi um dois. Bastou eu cruzar o River Thames de manhã e à tarde do mesmo dia para notar o espetáculo da natureza alumiando minhas idéias. Cedinho, o rio estava baixo, quase vazio. O casco do barquinho raspava o fundo de areia (estou exagerando um pouco, tá certo?). Já mais a tardezinha, as águas enraiveceram e tomaram conta do pedaço, como que para lembrar quem é que manda ali.

Mas quem é que manda ali?

As águas não. Essas são simples títeres nas mão invisíveis e magnéticas da lua que, aí sim, comanda o sobe-e-desce da maré. E como o River Thames está praticamente no mesmo nível do mar, também sofre toda essa influência. A mudança de maré ocorre aproximadamente a cada seis horas, variando conforme a lua vigente. (Claro que isso eu não tirei da minha cabeça. Foi o comandante do barco que eu pego todos os dias que me disse. Tem gente que diz que a cheia e a vazante são controladas por comportas.)

* Na foto à esquerda, o River Thames de manhã, quando ainda estava triste e vazio (Um down dos diabos). Ao lado, já ao entardecer, estava todo pimpolho com um up de invejar.

Wednesday, September 20, 2006

Quem tem medo do PCC?


Leicester Square é um dos pontos mais balados da cidade. Principalmente em dias de lançamentos de filmes. A Odeon, uma das maiores redes de salas de cinema da cidade, costuma receber atores como Tom Cruise, Brandon Routh (o novo Superman), Jonny Deep entre outros, que promovem seus filmes naquele por lá.

Mas é em uma ruazinha ali do lado que fica o meu cinema favorito. É o PCC – Prince Charles Cinema. Além de passar clássicos da telona, as entradas são disparadas as mais baratas. Em dia caro, o ingresso custa 4,50 libras. Às sextas-feiras, somente uma mísera libra. Aliás, não só o filme, mas também a cerveja, o refrigerante, a pipoca, os doces, os salgados e tudo mais apresentado na prateleira da lanchonete do cinema.

Como deu para perceber, o PCC daqui também é um perigo. Mata a concorrência (ra. Eu e meu humor inglês)!

* Na foto, eu faço pose de ator bem na frente do PCC.

Wednesday, September 13, 2006

Hoje, o Blog é do meu amigo Joe


Olá “blogueteiros” de plantão, como vão?

Peço licença aos fiéis leitores deste que considero um diário da mais autêntica experiência de vida e não simplesmente um blog, para expressar um pouco da minha experiência de vida.

Com certeza vocês devem se perguntar agora, “quem é esse intruso?”. Eu sou o JOE. The Good Old Joe. Um dos responsáveis pela ida do Henrique, the Poisoned Heart, para a terra onde os cachorros não latem, as pessoas não riem e as moscas te perseguem.
Sou um fiel amigo do Fofo (é! O apelido dele no Brás(z?)il é Fofo, ou Smoothy agora que ele virou ingrêis.), mas esse é um detalhe para um próximo episódio. E eu recebi um ilustre convite para escrever uma passagem minha qualquer na terra da bandeira da cruz vermelha.

Antes de continuar, não, eu não desdenho a Inglaterra, e com exceção de argentinos, árabes extremistas e japoneses kamikases, amo muito todos os povos do mundo. Amo inclusive essa nação bretã e por isso me permito apelidar e brincar com o mais bagunçado dos paises do Reino Unido.

Por isso mesmo que escreverei não sobre uma passagem apenas, mas sobre um sentimento: amizade entre os povos. (sim, por que falar entre amor entre raças ou vira filme pornô ou livro utópico-religioso, então amizade entre os povos é mais real).

Vivi o melhor ano de minha vida aí. Fiz tudo como manda o figurino, estudei, lavei prato, limpei privada, fui barman, fiz dezenas de amigos, conhecidos, colegas, inimigos, invejosos, (filhos?) e curiosos, tomei todas, não guardei um puto e voltei. Por isso posso dissertar com propriedade.

Eu disse há pouco (de fora) que sou um dos responsáveis pela ida do Fofo, para a Grande Bretanha e é verdade. Quando há dois anos morei aí, instiguei-o quase que diariamente para que largasse o trabalho e desse uma reviravolta na sua vida, que até então estava boa, mas podia ficar melhor. Mas Deus quis que não fosse a hora ainda e quando eu voltei ele foi-se.

Mas atendo-me ao fato da minha presença aqui, li com orgulho todos os textos desse blog e me inspirei para contar o porquê da existência dessa peça de crônicas que por hora exaltada ou por hora apaixonada expressa o sentimento diário de um estranho no meio de gente mais estranha ainda.

Quando ainda estávamos no Brasil, eu já retornado e ele para ir, decidimos escrever um livro juntos (plano esse em total vigência). O livro deveria retratar as experiências de dois brasileiros em Londres, em anos diferentes e com propósitos diferentes e mostrar como as situações, pensamentos e vivências são as mesmas.

Conversamos por inúmeras vezes (em sua esmagadora maioria acompanhados de todos os chopps possíveis) e percebemos que isso só não bastava. Falar sobre um brazuca na terra da Rainha seria chover no molhado, ou como eles dizem lá “that would be bloody bollocks”. Então, após alguns meses e muuuitas hi(e)stória nossas, decidimos descrever a visão de dois brazucas dos povos que habitam Londres.

Esse livro vai sair viu, por que, ah esses povos Londrinos. São tantos. Oriundos de todas as partes do globo, fazendo de Londres a cidade mais cosmopolita do planeta, sem dúvida alguma.

Um lugar onde se pode em poucas horas pegar um ônibus pilotado com maestria por um ganes, descer em qq lugar e comprar uma vodka que congela abaixo de 0 graus na conveniência de um indiano, cortar o cabelo em seguida com um russo que corta como ele quer, almoçar um belo kebab árabe, tirar uma foto para um chi-japo-kore-ano-nes, tomar uma pint servida por um brazuca e ir pra aula que está lotada com exemplares Americanos, Australoptecos, Sul Americanos, Orientais e se der sorte, até Eskimós, só pode acontecer em Londres.

Em Londres eu aprendi o significado de convivência. Aprendi que todos os bairrismos que cultivamos aqui no Brasil são atrasos de vida. Aprendi que odiar cariocas, xingar baianos, discriminar nortistas é além de baixo e pobre de espírito, pobre de convivência.
Com tantas culturas lá fora, se fechar num mundinho egoísta e pequeno te impede de crescer não só culturalmente mas também espiritualmente.

Fazer amigos e aprimorar sua massa encefálica não tem preço.

Minha vontade seria continuar verborragiando aqui e passar cada sentimento, cada experiência de vida, cada aprendizado que tive. Mas aí talvez só o Fofo fosse ler. Mas aguardemmmmm o livro.

Por isso vou terminar dizendo que eu acredito mesmo, que todo ser humano deveria passar um tempo fora de sua vidinha cotidiana. Ok, que não seja em Londres, mas que seja em algum lugar que proporcione tanto aprendizado quanto se pode ter lá.
Viaje cidadão. Sem medo! Viva essa experiência pois eu GARANTO que você não vai se arrepender.

Deixo a todos um enorme abraço, obrigado pela presença dos que chegaram até aqui e deixem seus comentários. Meu email é jhovac@gmail.com.

Fiquem a vontade de escrever o que quiserem.

Com carinho
Joe

* Na foto, o meu amigo Joe na época em que morava aqui em Londres. Naquele tempo ele era menos gordinho e tinha um pouco a mais de cabelo. Saudade docê, mano velho.

Tuesday, September 05, 2006

O mundo se divide em dois no parque mais bonito de Londres


Beleza, charme e notoriedade. O que mais dizer daquele que elegi como o parque mais bonito de Londres?

Não quero ser injusto com os outros grandes parques da cidade, que também são dotados de beleza ímpar, assim como charme e notoriedade. Mas Greenwich Park tem algo mais. Além de belos jardins e uma vista estupenda, suas terras são cortadas pelo Meridiano de Greenwich que, como aprendemos nas aulas de Geografia, divide o mundo em Ocidente e Oriente. Eu lembro que uma das minhas professoras me ensinou que as horas do mundo são contadas a partir dali.

Quer importância maior do que essa? Também nos tempos de primário, aprendi que o maior ditador do mundo não foi Hitler e tampouco está morto. O maior ditador do mundo, meus amigos, é o relógio. Mas acho que isso também não é novidade, é?

* Na foto à esquerda, o marco que divide o Ocidente (à direita ) do Oriente. Na outra, um dos belos jardins de Greenwich.

Tuesday, August 29, 2006

Eu fico triste quando chega o Carnival


Acho que Luís Melodia escreveu esse verso em Londres, durante um feriado bancário que marca o fim das férias de verão (este ano foi comemorado ontem, 28/8). Explico. Todo ano, quando as férias de verão acabam aqui na Inglaterra, centenas de milhares de pessoas se aglomeram nas ruas de “um lugar chamado Notting Hill”. Lá é realizada a maior festa de rua da Europa: o Carnival (carnaval).

Tem desfiles de umas coisas parecidas com escolas de samba. Ou, pelo menos, tentam ser parecidas. Em outra quadra, tem baile de afro-descendentes. E ainda em outra, uma rave só para brancos.

Eu como não gosto muito de me amontoar no meio da multidão, dei uma passadinha e me mandei. Mas teve muita gente que gostou da comemoração e ficou por lá até tarde da noite (não tão tarde assim, porque aqui a maioria das festas começam e terminam cedo).

Agora é começar a tirar os casacos do armário e esquentar o espírito para que fique preparado para o frio que já está chegando. É por isso que eu também fico triste quando chega o Carnival.

* Na foto, desfile de uma “escola de samba”, que foi assistido por cerca de 600.000 pessoas.

Tuesday, August 22, 2006

Já morei em tantas casas, que nem me lembro mais


Vida de cigano que se leva aqui em Londres. Semana passada cheguei em minha casa nova (foto). A quarta em 14 meses.

Primeiro fiquei hospedado na residência da Miss Deise, uma filipina que veio para esta cidade há mais de uma década. Fiquei lá por um mês. Depois me mudei para uma das casas do Dirceu, um figura conhecida dos brasileiros que moram aqui. Ele aluga quartos e suas casas são conhecidas por serem mais caras e cheias de ratos. Mesmo assim são disputadíssimas – apesar dos inconvenientes, as moradias são boas e o homem é de confiança.

Dalí fui morar em um flat com um amio, que agora é ex-amigo. Por umas pilantragens dele, tivémos que sair de lá e, agora, já estou na minha quarta casa.

Viver em Londres é viver de galho-em-galho. Você não mora em uma casa, mas na cidade.

* Na foto, minha casa nova. Quer dizer, o conjunto do qual a minha casa nova faz parte. Parece ser uma residência só, mas são três. O meu quarto está no térreo de frente para aquela árvore grande.

Thursday, August 17, 2006

Que bom que o Inter foi campeão


Não. Não fiquei louco. Também não peguei nenhuma gauchinha que me fez virar a casaca. Sou sãopaulino e queria que meu time fosse campeão da Libertadores pela quarta vez. Não foi desta vez.

Mas não lamento não. Será que meus amigos ligariam do Brasil para a Inglaterra às 4 horas da manhã (GMT) de uma quarta para quinta-feira só para me dizerem “Falou campeão, o São Paulo é o melhor mesmo”.

Aposto minha genitália que não!

Mas para cantarem o hino do Inter, até se eu estivesse no inferno.

Valeu Inter. Foi bom ouvir meus amigos de novo.

*Na foto, novamente afanada do site do ESTADÃO, o virtual vice-campeão brasileiro que, nesta quarta-feira, bateu o melhor time do mundo.

Monday, August 07, 2006

O pior de Londres são os brasileiros


Chega de falar mal dos outros. Falei dos chineses no post passado (A China e sua vitrine de patos assados). Eles são feios e nojentos sim, mas estão ficando ricos. Devo ter falado de outros povos em textos anteriores. Até chegaram a me sugerir mais nacionalidades para detonar. De certa forma, não sem razão. Mas chega disso. E o meu rabo? Por que não olho para o lado ruim dos brasileiros (como se fosse fácil achar lado bom)?

Todo mundo sabe que nós não somos bem vistos aqui no estrangeiro. De certo modo, o ressábio parece óbvio. Carol Woollery, uma senhora afro-inglesa militante de uma instituição que luta pela igualdade racial no Reino Unido, disse-me que seus conhecimentos sobre o Brasil são formados a partir do que a TV mostra. Ou seja, crianças negras vivendo nas ruas, onde roubam, matam, drogam-se e, principalmente, sofrem.

Como confiar em um povo que deixa suas proprias crianças, o futuro da nação, nessas condições? “Isso é proibido aqui”, ressaltaria ela.

Talvez o horror de Carol fosse maior se ela olhasse para os seus vizinhos brasileiros. Um bando de gente tentando levar vantagens em cima de todo mundo, inclusive de seus próprios compatriotas. Um bando de porcos achando que “são mais iguais que os outros”, porque, afinal, o mundo é dos espertos. E eles são espertos a valer. Simplesmente um bando que acha bacana roubar números de cartões de créditos para fazer compras, vender cursos que não existem, fazer cambalacho para conseguir visto e até produzir documentos falsos (dia desses foram presos dois brasileiros por conta disso).

Querem ser espertos? Então, por que não aprendem a lição inglesa de um tal de Robin Hood? Se for para roubar, que seja dos ricos para dar aos pobres.

Claro que tem brasileiro bom vivendo aqui. O problema é que o mal contamina. Daí não adianta ser cristão, budista, hare krishna, ateu ou o que for. "Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come."

* Na foto, um brasileiro (no caso eu) pensa na sujeira dos seus compatrícios bem na beiradinha do River Thamisa, cuja maré baixa deixava à vista bastante lixo. Pelo menos não fedia.

Wednesday, August 02, 2006

A China e sua vitrine de patos assados


A China ganha cada vez mais destaque na Inglaterra. Quem está por aqui pode constatar a impregnação de três símbolos daquele país: para começar, os próprios chineses, com seus olhinhos puxados, fala gritada e nervosa, dentes estragados, unhas sujas e um estranho hábito (para não dizer nojento) de comer com a boca aberta e fazendo barulho; o HSBC, um dos maiores bancos do mundo, cuja sede européia fica nesta cidade (ler Santíssima Trindade); e Chinatown, um pedaço da China em Londres.

Ali, uma rua de aproximadamente 500 metros, não se fala english (inglês) e sim “ingrish” (ingreis, né?). A identidade visual, por assim dizer, é chinesa. Os restaurantes são chineses com chefs chineses (pode parecer óbvio, mas não é. Eu mesmo trabalhei em um restaurante chinês em outro canto da cidade, onde os chefs eram um brasileiro, um eslovaco e um tcheco).

Apesar de encontrar tudo isso, o que mais me chamou a atenção em ChinaTown foi a vitrine de patos assados dos restaurantes. É uma mistura de cores que chega a ser bonita, mas ao mesmo tempo desgostosa devido a tolerância higiênica de um não-chinês.

Pelo menos pude perceber que até os patos da China são todos iguais, assim como as pessoas de lá.

* Na foto, produzida por Marilia Amorim, a vitrine de patos de um restaurante em ChinaTown. Como legítimos chineses, eles são todos iguais.

Monday, July 24, 2006

Speakers’ Corner é o exemplo mais claro de liberdade de expressão


O Hyde Park é o maior e um dos mais bonitos parques da região central de Londres. Jardins, lagos e uma ampla área de lazer chamam a atenção dos visitantes. Só que isso é o mínimo que se espera de um parque em Londres. E isso há em quase todos os parques da cidade. Mas existe uma rua ali que é única: a Speakers’ Corners (algo como rua dos dircursadores).

Nela, principalmente nos domingos de sol, pessoas de diferentes ideologias expõem e defendem suas crenças. Tem japonês da Universal Church of the Kingdom of God (pasmem, é a Igreja Universal do Reino de Deus, aquela do bispo Edir Macedo sim. Essa turma até que faz um sucesso aqui), negros contra o racismo, mulçumanos, políticos e, claro, os céticos. Isso sim é democracia.

O mais interessante é que essa tradição é secular. Os primeiros Speakers apareceram por lá em 1872, quando foi criada uma lei legalizando o ato de falar em público.

Ok, ok! Legal. O problema é que com tanta gente acreditando em coisas tão diferentes fica difícil acreditar em alguma coisa. Por isso entrei para o time do amigo da placa ali na foto, que dizia “Do not beleave anyone. Including me" (não credite em ninguém. Nem em mim).

* Na foto da esquerda, um mulçumano prega a palavra de Ala na Speakers` Corner, sendo observado por um cético, cuja placa declara que não existe inferno. Na foto ao lado, esse mesmo homem mostra o outro lado da placa: "No credite em ninguém. Nem em mim."

Thursday, July 20, 2006

Europeu não toma banho e o legítimo humor brasileiro


“Vamos falar de um tal de Santos-Dumont, um brasileiro que supostamente inventou o avião”, disse o professor de inglês, em um toque sutil e provocativo, típicos do humor inglês, por assim dizer.

“Supostamente o escambau”, responde uma aluna brasileira indignada. “Não só inventou o avião, como também o relógio de pulso.”

“E digo mais”, toma a palavra um outro brasileiro. “Não só inventou o avião e o relógio de pulso, como também o chuveiro, coisa que você não usa há muito tempo”, ataca afiadamente, em um misto de presença de espírito, conhecimento e, claro, humor brasileiro (por razões de segurança, os personagens não serão identificados).

Rarararararararararara. A classe explode em risos. Então, ria também!

Moral da história
Não diria que é verdade a fama do europeu não tomar banho. Mas não me atreveria a desmentir. De vez em ‘sempre’ cruzamos com uma turma fétida nas ruas, causando até ardência nas narinas.

Talvez justamente pelo fato do europeu ter essa fama emporcalhada que o professor ficou sem graça com a piada, mesmo não carregando ele a fedorentina. Por outro lado, se ficou embaraçado, deve ser porque, vez ou outra, o sujeito pula o banho.

OK. Não vamos generalizar. Conheço uma espécie inglesa que nunca deixa de banhar-se: os patos. Gostam tanto que, dia desses, passeando pelas intermediações do Green Park, ali perto do Palácio de Bunckingham, pude flagrar um exemplar dessa espécie curtindo em uma fonte real. Refrescante!

* Na foto, patinho inglês toma seu banho diário. Ele nem deu bola para os olhares curiosos dos turistas.

Tuesday, July 18, 2006

Mantra Dance Fetival dos Hare Krishnas: eu fui!


No fim de semana que passou, fui convidado para ir a uma festa que, essa sim, chamaria de inusitada: Mantra Dance Festival!

Não sabia o que esperar de um evento organizado pelos hare krishnas londrinos, como foi esse. Em minha cabeça, o pré-conceito harekrishiano dizia-me que essa seria uma festa estranha com gente esquisita, na melhor forma de Eduardo, aquele da Mônica, que fazia sucesso na voz do Renato Russo. Mas como um carinha mente-aberta que tento ser, fui. E não é que eu tinha razão?

Os seguidores do movimento estavam vestidos a caráter, ou seja, com aquelas roupas parecidas com mortalhas, que eles chamam de dote (ou algo do tipo). Também ouviam em alto e bom som o infindável mantra “Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare”. Os versos eram cantados horas a fio por bandas (se é que posso dizer assim), cujos músicos faziam suas performances com instrumentos típicos da índia. Moças e rapazes dançavam em êxtase com o hipnotismo daquele som. Lembrou-me vagamente a dança da caverna em Matrix Reloaded. Uma moça me avisa: “Olha. Eles não usaram nada não, viu? É uma loucura natural.”

Deu para perceber. Até porque não eram somente os jovens que estavam ali. Senhores e senhoras de aparência distinta também compareceram. Só que esse grupo não ousou dançar, apenas apreciar a adoração ao deus Krishna.

Ponto de vista
Mesmo sendo eu um vegetariano e um abstêmio de drogas, alguns dos preceitos básicos dos seguidores dessa religião, confesso que me senti um peixe fora da água. Conversando com uma adoradora de Krishna, tentei entender um pouco dessa filofia. Para falar bem a verdade, não entendi nada. Por isso, não vou tentar explicar.

O que ficou foi a mensagem de paz. Não me atreveria julgar algo que não conheço. Falo somente daquilo que vi.

Então, deixo aqui minha mensagem de paz para você, leitor.

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare. Dizem que esse mantra tem muito poder.

* Na foto, gentilmente cedida pelos hare krishnas, a banda e os seguidores do movimento em adoração ao deus hindú.

Tuesday, July 11, 2006

Palácio de Bunckingham: o que dizer?


Já visitei o palácio de Buckingham algumas vezes. O que dizer? Nada além de “o brasão da família real fixado nos portões de entrada é bonito”.

O que mais?

Uma inevitável resposta vem aminha mente: “pô. Sei lá, entende?”

Tudo bem que a construção foi residência oficial da monarquia inglesa desde 1837, na época da rainha Vitoria – agora, a rainha Elizabeth II, que morou muito tempo lá, volta para o Castelo de Windsor, onde passou sua juventude. Também é verdade que ali já passaram e ainda passam líderes de estados do mundo todo - inclusive o Lula esteve lá recentemente para tomar um chá com a rainha. Sem contar na abundância numérica de suas dependências - ao todo, são 429 cômodos divididos em 19 salas, 52 quartos, 188 quartos para empregados, 92 escritórios e 78 banheiros – e da riqueza que suas paredes e tetos abrigam. Ah. Esqueci de falar sobre a maior mesa de jantar do mundo: 55 metros de comprimento, nove de largura e 160 lugares (informações colhidas no site da revista Isto É).

Mas há algo de estranho com aquele monte de tijolos e cimentos. Ele é imponente, bem digo, porém, suas linhas são destoantes. Algumas vezes olho para ele e não vejo nada além do que um prédio largo do Cingapura, aqueles das favelas de São Paulo. Até a cor é parecida.

Vai ver que é por isso que o Palácio de Buckingham é considerado uma das construções mais feias de Londres. Se não estou enganado, ficou em quarto lugar.

Saturday, July 08, 2006

7 é o verdadeiro número da besta no Reino Unido

Ontem, 7/7, fez um ano que os terroristas islâmicos detonaram uma série de bombas no metrô de Londres e em um ônibus. Por conta disso, 52 pessoas morreram. Como forma de recordação e respeito, os ingleses fizeram, ao meio-dia, dois minutos de silêncio.

Onde eu estava há um ano
Lembro que eu estava na aula de inglês quando a professora Jennifer, uma bela loura canadense, anunciou o fato. O diretor reuniu a todos no espaço que deveria ser a cantina do prédio e explicou a situção, dizendo que não haveria aula no dia seguinte.

Aquela quinta-feira estava cinza, mas quente. De vez em quando garoava. Eu tentava ligar para casa, no Brasil, mas era impossível. Os celulares não tinham sinais e os telefones públicos não davam conta de completar as milhares de ligações que estavam sendo feitas.

Foi o dia da besta. Estranho um dia da besta cair no dia 7/7 do ano de 2005 (2 + 0 + 0 + 5 = 7), matando 52 pessoas (5 + 2 = 7). Cadê o 666? O 7 não é(ra) um número sagrado? Aqui no Reino Unido não. A besta tem a marca do 777 - 7. Ou terá sido esse um castigo de Deus?

E estão dizendo que vem mais por aí.

* Na foto, gentilmente roubada do site do estadão (desculpe a falta, caros colegas), o primeiro ministro Tony Blair, que muitos dizem ser uma besta, outros ministros e alguns bombeiros fazem dois minutos de silência em recordação às vítimas dos ataques terroristas de 7/7/2005.

Monday, July 03, 2006

Swing da Mandinga enfeitiça torcedores frustrados (primeiro da série “Músicos brasileiros em Londres”)



Não foi desta vez que o Brasil foi hexa. Tudo bem. Foi só a nossa primeira tentativa de ganhar a Copa do Mundo de novo. Apesar disso, a tristeza fica e só com Mandinga para o povo ficar feliz.

Pelo menos foi assim no domingo, 1/7, depois da vitória da França em cima da seleção amarelada. A banda dos brasileiros Kiko Perrone (vocal, violão e guitarra) e Kita Steuer (vocal e baixo), que também conta com o inglês Charlie Lewis nos teclados e com o português Mike Gomes na bateria – além deles, essa exibição contou com a participação especial do percurssionista Lucas Azevedo (falarei mais dele em futuros posts) -, animou os torcedores frustrados que assistiram ao jogo na casa de shows Guanabara, um dos maiores redutos da música brasileira em Londres.

Ali, o público conferiu a qualidade musical do quarteto (que estava quinteto) em um repertório baseado no reggae, soul e samba-rock. Tudo isso demonstrado por meio de sucessos internacionais e brasileiros, além de composições próprias. Arranjos, solos e rifes vibrantes rechearam a performance da banda. Apresentação impecável. Também pudera. O que tem menos tempo de estrada toca há 15 anos.

Conexão Sampa – Londres
Kiko e Kita se conhecem há 20 anos. Trabalhavam juntos em São Paulo. Eram músicos de estúdio, o que significa que tocavam na gravação de CDs de outros músicos. Em 2004, já em terra bretã, os dois formam a banda Mandinga.

Entre apertos e perrengues, os dois superaram as dificuldades e estão conseguindo viver somente de música nesta cidade. “Londres é muito melhor do que São Paulo para a música. temos muito mais shows aqui", afirma Kita. Já Kiko pondera: “No Brasil, eu estava cada vez melhor na minha carreira de compositor. Mas acho que a principal vantagem de viver aqui é a qualidade de vida.”

Para saber mais sobre a banda Mandinga, visite o site www.mandingamusic.com.

* Na foto, que foi Maluf quem fez (no caso, Ricardo Maluf - agradeço a colaboração), Kita e Kiko felizes da vida com a estréia no Guanabara. Nem ligaram pro 1 x 0 da França.

Wednesday, June 28, 2006

Sonhos de uma Londres de verão

É uma outra cidade essa que surge com o verão. O verde das árvores, que veio tímido com o fim do inverno, agora toma conta de todos os lugares. Com o verde, as pessoas enchem as ruas, parques, PUBs (lê-se algo como pâbi e não púbi, o que pode te trazer complicações se falar assim com um inglês) e, acreditem, até cemitérios. Tem festa e farofa por toda parte (e a cidade fica cada vez mais suja).

Por falar em forofa...
Essa forma de comemoração é feita como no Brasil. As pessoas levam comidas e bebidas para espaços públicos, ondem celebram a volta à vida, mesmo sem saber que estão comemorando essa páscoa que não é páscoa. Mas, ao contrário do povo tupiniquim, aqui não há preconceito com os farofeiros. Até porque, aqui, todo mundo é plebeu (tirando o pessoal da monarquia, é claro).

Enquanto isso...
Nas margens do River Thames (Rio Tâmisa), lá estão eles de novo. Já estava com saudades dos homens-estátuas, que só se movem com o som da moedinha atirada no chapéu (quando entra cisco no olho também. Mas um foi esperto e botou óculos escuros. Ficou estranho, porque nunca vi estátua usar óculos. Mas...).

E o céu então?
Ah. Nada daquele cinza típico das outras estações. Acreditem! No verão, o céu londrino é azul celeste e o sol queima a valer. Ainda não está assim. Mas vai ficar. Os ingleses vão deixar de ser brancos. Vão ficar rosados e ardidos. Os ônibus, que não têm ares-condiciados, vão virar o inferno de tão quente. E vai ser assim pelos próximos dois meses (ou menos).

De qualquer forma, Londres fica linda vestida com as cores do Brasil: o verde das árvores, amarelo do sol e do ouro de algumas construções daqui, azul do céu e o branco da... (deixa eu ver) Ah! Já sei! O branco das pessoas (nem todas).

* Nas fotos, gente fazendo farofa e passeando no lago de Hyde Park, homem-estátua de óculos escuros (estranho) e a multidão em Piccadilly Circus.

Tuesday, June 27, 2006

Nota de esclarecimento

Amigos, leitores e leitores amigos,

Esta semana recebi algumas reclamações de que não estou atualizando meu site. Assim, em respeito a vocês, que sempre me prestigiam com suas visitas, gostaria de esclarecer o fato. Acontece que feri seriamente meu dedo médio da mão direita. Foi um corte feio, profundo. Sangrou muito. E por conta do curativo, não pude escrever no computador. Foi só um dedo, eu sei. Mas acreditem em mim. Um dedo faz diferença. E não é só pra escrever não...

Novidades
Para mostrar que meu blog continuará com sua missão de levar entretenimento, informação e, talvez, alguma reflexão a vocês, aí vai uma prévia dos posts que serão publicados nas próximas semanas:

- Sonhos de uma Londres de verão
- Rage against de racism
- Camden Lock é mutcho lock
- Batata, batata, batata… batataaaaaa

Além das series de reportagens:

- Como viver de música em Londres
- Os piores trabalhos da cidade
- Grandes parques
- Parques marginais

Quero registrar também que haverá, pelo menos, um post novo a cada semana (como já venho fazendo). Só vai falhar se algo sério acontecer.

Esclarecimento dado, espero continuar contando com sua visita. Isso sim muito me enobrece.

Um beijo grande (ou um abraço, se preferir),
Henrique Camargo

* Provavelmente este é o único post sem foto que será publicado neste blog.

Tuesday, June 20, 2006

Quer dizer que brasileiro é tudo igual?


Para começar, devo alertar o leitor de que esta é uma história verídica. O aviso é importante, porque esse é o tipo de acontecimento que tem cheiro de conto de pescador. Provavelmente, eu mesmo não acreditaria nele se o fato não tivese ocorrido comigo mesmo.

O pré-causo
Dias atrás, durante um bate-papo no tête-à-tête com uma chinesa... Chinesa? Não. A chinesa, na verdade, era de Taiwan. Deve ser taiwanesa. Não dei muita bola para isso, porque chinês e taiwanês são todos a mesma coisa.

“A mesma coisa? Você está louco”, grita a chinesa, digo, taiwanesa, aqui na minha mente. Que medo! “Temos nossos próprios governantes. Somos um país livre”, diria ela para vocês. Pelo menos foi o que a moça disse para mim.

Ok. Chinês e taiwanês são diferentes. São tão diferentes que seria a mesma coisa de comparar um chinês a outro chinês (ou taiwanês - rerere). É muita diferença.

O causo
Despois de ficar claro que a China não tem nada a ver com Taiwan - tanto não tem, que o gigante asiático nunca pensou em mandar o exército para o nanico, porém rico, vizinho e acabar com sua frescura de emancipação -, a garota de olhos puxados, que parecia ser chinesa, falava igual chinesa, cheirava igual chinesa, comia igual chinesa, mas não era chinesa, perguntou de onde eu era.

“Sou brasileiro”, respondi.

“Eu já sabia”, treplicou.

“Como?”, perguntei.

O inesperado aconteceu. Contrariando todas as minhas expectativas de respostas, ela mandou a seguinte frase: “É que os brasileiros são todos iguais!”

Tudo bem. Chinês tem o olho fechado mesmo, não é?

* Na foto (essa sim uma mentira), quatro brasileiros passeiam nas ruas da China vestindo trajes típicos de inverno. Acho que a garota estava certa. Brasileiro é tudo igual mesmo.

Friday, June 16, 2006

O ano que não passou


Vargem Grande Paulista, 15 de junho de 2005.
Há dias pensando no dia de hoje. É hoje! Às oito da noite o avião decola. “Eita porra!”, como diria meu amigo baiano. Tenho que estar no aeroporto às 4 da tarde.

Acordo cedinho. Dou conta dos últimos preparativos da minha viagem. Tudo certo? Ok. Vambora.

Meu pai me leva para fazer algumas coisas e para me despedir de outras pessoas. O Vini, meu irmão mais novo, vai com a gente. Minha mãe, a tia Iara e minhas primas Juliane e Lígia vão me encontrar no aeroporto. Meu irmão do meio, o Fabrício, não pode ir. Trabalho!

Já são três da tarde. Chego no aeroporto antes da hora. Bom! Tenho tempo para trocar mais um dinheirinho (a moeda brasileira, por mais que você tenha – o que não era o caso -, vai ser sempre dinheirinho) e de comprar uns cadiados para as minhas malas. Meu pai e minha mãe fazem o check-in em meu lugar. Enquanto isso, como uma pizza de despedida. Não é a pizza mais gostosa do mundo. Pizza Hut. Mas tudo bem. È a pizza que eu estou acotumado a comer aqui.

Choradeira (mas nem tanto – acho que nem teve choradeira). Mesmo assim, “Affe Maria”. Tchau gente. Tchau Brasil.

Londres, 16 de junho de 2005.
Cheguei.

Um ano depois!
Quantas coisas aconteceram? Em quantos lugares estive? Quantas pessoas conheci? Muitas! Estou marcado pela cidade na carne e na alma.

Mesmo assim, a impressão é de que o ano não passou. Parece que todo dia da minha vida é o 16 de junho de 2005. Todo dia parece que estou apenas chegando aqui.

E por mais que sejam iguais, um dia é diferente do outro. E por mais diferentes, os dias são todos iguais.

Estou aqui há um ano. Parece que o ano não passou. Tive aniversário, carnaval, Natal e ano novo. Mas tudo sem gosto. Não pelas pessoas com que festejei, mas pelo significado. Não havia um. Era tudo diferente. Aquilo era tudo aquilo, mas parecia não ser.

Estou aqui há um ano: o ano mais diferente da minha vida!

* Na foto, eu há um ano pensando na morte da bezerra. Elas sempre morrem do mesmo jeito, né? Com porrada na cabeça.

Monday, June 12, 2006

Eu sou a seleção


Amanhã, 13/6, a seleção brasileira estréia na Copa do Mundo da Alemanha. Amanhã, às 8h da noite (GMT – Greenwich Mean Time), eu estréio nos campos alemães.

Não. Vocês sabem que eu não vou jogar. Sim, estou em Londres ainda.
E é por isso mesmo que amanhã, aqui nesta cidade, eu sou a seleção brasileira, assim como Heiko é a seleção alemã e Roberto, a italiana.

Na Copa do Mundo, principalmente quando estamos na Torre de Babel, cada indivíduo torna-se todo o time de sua nação. Tanto que as perguntas são: E aí? Você vai ser campeão? E eu respondo: Claro!

Brasil – il – il!!!

* Meu pescoço ainda anda torto depois de carregar as cervejas. Mesmo assim, estou lá.

Saturday, June 10, 2006

Pelados em Londres


Inglês é tão louco por futebol quanto brasileiro. Mas nem todos. Alguns são mais politicamente engajados. Tanto que o grupo World Naked Bike Ride (Ciclistas Nus do Mundo) ignorou completamente a estréia da seleção inglesa na Copa do Mundo e reuniu cerca de 500 ciclistas neste sábado (10/06), entre as 14 e 17h, em baixo do Wellington Arch, um dos pontos mais populares da cidade.

De acordo com Bernard (que nao quis dar mais detalhes do nome), de 62 anos, um dos organizadores da manifestação, neste terceiro ano do passeio - sempre realizado no sábado da semana do meio ambiente -, o objetivo é chamar a atenção das autoridades para os problemas causados pelo petróleo. “As pessoas também devem aprender a usar mais os transportes públicos ou procurar formas alternativas de locomoção, como a bicicleta. Assim, além de diminuir a poluição, teremos mais gente preocupada com uma convivência amigável entre ciclistas e motoristas”, completa.

Para aumentar a audiência
Rod Currie, um dos ciclistas participantes do passeio, diz que essa forma de protesto é muito mais produtiva do que qualquer outra. “Se não estivéssemos pelados, a imprensa não se preocuparia em cobrir e divulgar nossas idéias”, afirma o contador de 39 anos. A jovem Regan Davis concorda: “Há dois anos vou ao trabalho de bicicleta e sei muito bem quais são os perigos que corro nas ruas de Londres. Essa é uma ótima oportunidade para protestar”, diz.

O francês Fraçois Tempé também apoia a causa. Como cidadão que preteriu o carro à bike, acha que um protesto nu é muito mais eficiente. “Não acho que aqui em Londres seja tão ruim. Mas existem outros cantos do mundo em que a situção é realmente alarmante. Acredito que este evento ajude a levar a nossa idéia para outros lugares além de Londres”, conclui.

*Fotos e textos (para o meu bem ou mal): Henrique Camargo, finalista de mais um Prêmio Abril de Jornalismo

Tuesday, June 06, 2006

Os reis sem coroas


Então a monarquia acabou e/ou perdeu o poder? Não que eu saiba. A coroa, talvez, tenha apenas mudado de côco. Mas seus princípios continuam aí, no mundo todo. Assim como os velhos coroados, esses mais atuais (mas também não tanto) gozam do poder. E gozam não apenas no sentido de tirar proveito de certos privilégios, mas também no sentido de tirar sarro mesmo, haja visto o caso da Suzane.

Depois da Revolução Industrial, iniciada lá no século XVIII nesses solos ingleses que piso agora, os burgueses passaram a ser os novos reis. Com o capital acumulado, construíram seus palácios, adiquiriram suas carruagens e, principalmente, fizeram valer a lei da hereditariedade. E ainda propagandeiam por aí a possibilidade de todo mundo virar rei.

Mas se todo mundo virar rei, quem é que vai fazer o trabalho sujo?

Papo chato, né? Vai carregar 300 litros de cerveja nas costas pra ver como o seu humor vai ficar.

* Na foto, eu, de sobretudo, fazendo pose de rei em frente do Palácio de Buckingham. Também fazem pose uns carinhas e o guardinha real.

Thursday, June 01, 2006

A homogeneidade no heterogêneo

Indiano daqui, que não fala com o turco dali, que não dá bola para os mulçumanos de lá, que ignoram os pretos de cá, que não falam com os brancos de lugar nenhum que, por sua vez, ignoram todo o resto.

Nessa terra, Londres, tem gente de todo canto sim. É uma misturada louca. Mas é uma mistura que não se mistura. É água e azeite. Como ensinava o professor Daniel, o Matuza do Madreco (não há razão para explicar o apelido. Foi só para quem o conhece o reconhecer), é uma mistura heterogênea.

De vez em quando isso muda e o normal, que outrora era ver cada macaco no seu galho, passa a ser uma mixegenação cultural, cuja interatividade inter-racial rompe preconceitos de credos, cores, religiões e outras coisas do tipo. O caldo esquenta e a mistura se homogeneiza (falei pouco, mas falei bonito).

E nessa onda, você acaba aprendendo que na Holanda o ano novo é comemorado no primeiro dia da primavera. Descobre que tem mulçumano porra-louca (não no sentido de terrorista, mas que toca o terror de outras maneiras, se é que vocês me entendem). Quem tem iraniano (uma iraniana, no caso) bem diferente daquele pintado pela imprensa (e como era doce essa iraniana). Que tem preto que não gosta de preto. Quem tem gente que gosta de todo mundo. Que tem maluco que não gosta de ninguém. E que, mesmo com toda essa diferença, todo mundo é igual. É sempre a mesma história contada de diferentes formas por diferentes pessoas.

* Na foto, eu metendo o nariz em um - por que não chamá-lo assim – encontro mundial.

Saturday, May 27, 2006

Cadê o gol?

E lá de Londres, o amigo liga para o Brasil.

- Poxa, como pode um cara tipo o Galvão não gritar gol quando é gol?
- Sei lá. Mas o Galvão grita gol.
- Não falo do Galvão propriamente dito, mas dos locutores aqui da Inglaterra. Eles não gritam gol.
- Nossa mano. Que estranho.
- Estranho!? Chega a ser nojento. Deprimente. Dá pra imaginar o Grafite fazendo um gol e o Galvão não comemorar?
- Que Grafite o quê. Eu quero é o gol do Carlitos. O Galvão adora quando o Carlitos faz gol.
- Que seja. Imagine a bola balançando a rede e o Galvão não gritar gol.
- Cê tá louco! Não quero nem imaginar. Claro que o Galvão vai gritar. Até quando a Argentina marca em cima do Brasil o maldito berra. Se não gritar no gol do Carlitos, eu vou lá na Globo e mato o desgraçado!
- Cara. É isso que eu quero te explicar. O “Galvão” aqui da Inglaterra não grita gol. Ele começa a falar um monte de coisas, que eu não entendo.
- Se você não entende, como pode saber que não gritam gol?
- Porque gol é gol no mundo inteiro!
- Mesmo aí na Inglaterra?
- Aqui também. Aliás, o primeiro gol foi marcado aqui. Eles tinham obrigação de enaltecer o feito.
- Ah tá. Entendi. Concordo plenamente.
- Gol é sagrado. Ver um sem o testemunho do grito, não tem a menor graça. Se fosse o tal do rugby, tudo bem, porque o gol não é gol mesmo.
- Mas o que é rugby? E que papo é esse de gol não ser gol? Você mesmo disse que gol é gol.
- Mas no rugby é um pouco diferente. Sabe o futebol americano?
- Sei sim.
- Então. É quase a mesma coisa. Os jogadores carregam aquela bola oval e correm em direção a uma trave em forma de estilingue. Só que eles não querem saber de proteção. É o uniforme e pronto.
- É mesmo? Eles não usam capacete não?
- Que nada! Acho que se não fosse o risco de confundir os times, eles jogariam até pelados.
- Que veadagem.
- Brincadeira... Onde é que estávamos mesmo?
- No gol.
- Não, não. Na cara do gol. Você sabe que eu perguntei pro meu professor de inglês se há algum motivo pros Galvões daqui não gritarem gol?
- E o que foi que ele disse?
- O cara falou que é ridículo alguém gritar gol. Disse que é coisa de louco.
- Mas que mané!
- É!
- Olha. Eu acho o Galvão muito chato. Insuportável, pra dizer bem a verdade. Mas ele que se atreva a não gritar no gol do Coringão. Inglês é besta, é? Eles não gostam de futebol não?
- Eles amam futebol. Tanto ou (desculpe a heresia) mais do que os brasileiros.
- Mas, pelo jeito, não gostam de gol.
- Acho que gostam sim. Na verdade, acho que preferem ganhar. Com ou sem gol, o que importa é a vitória e não o show.
- Entendi... Espera um pouco, que o Coringão está no ataque. “Parou, bateu... É gol. Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooollllllllllllll do Corinthians. Teves.” Goooooooooooooollllllllllll irmãzinho. O Carlitos marcou mais um. Chora pó de arroz.
- (Um resmungo) Eu odeio o Galvão. Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu...

* Esta é uma obra de ficção, assim como os gols do Coringão.

Tuesday, May 23, 2006

O Natal eterno em Tower Bridge


Londres é uma cidade escura. O PCC iria gostar daqui. Os polítios, que adoram agir no escuro, também. E todo mundo que curte se esconder iria encontrar refúgio na penumbra londrina. Esta é uma cidade que não brilha à noite.
Mas como diria meu professor de biologia do Objetivo, cujo nome não me recordo, toda regra tem sua exceção (ele que inventou essa frase). E antes que me condenem, já aponto logo a Tower Bridge (foto acima), na região central de Londres, que brilha mesmo depois do escurecer. E como brilha. Brilha como o Natal. É só olhar as árvores nas margens do River Thames.
No Brasil tem carnaval fora de época. Em Londres, nas margens do rio, o Natal é o ano todo. Só inglês mesmo. Nem o Papai Noel faria isso. Mas Beth Faria... Ra –ra –ra!

Tuesday, May 16, 2006

Em busca do conforto perdido


Comprei sapatos novos (na foto ao lado subjugando um dos pares do velho CNS). Não são bem sapatos, bem sei. São trainers (tênis). Totalmente pretos. Para os donos do dinheiro, que reclamam de tudo com medo de perder o que (supostamente) os torna superior – o dinheiro -, não importa. Se não se nota que é tênis, pode usar.
Foi uma das melhores coisas que fiz aqui em Londres. O calçado tem amortecedores em lugares estratégicos. Onde mais me doía o pé, lá está uma bolha de ar envolta em uma película sintética, o que oferece abundante conforto aos meus pés – conseqüentemente, para a minha alma também - para entender melhor, leia “A estrita relação entre o (meu) pé e a (minha) alma”.

Saturday, May 13, 2006

Santíssima Trindade


Canary Warf é, de longe, o lugar que eu mais gosto em Londres. É bonito demais. A vida pulsa na extensão marginal do Thames. A vida grita mesmo do inanimado.
Estão vendo aqueles três prédios da foto? Estão imóveis nesse local. Eles formam as maiores verticalidades desta cidade – tem a torre da BT que também é grande, mas fica em outro lugar.
Vejo essas edificações como uma espécie de santíssima trindade. Ao centro, no prédio maior, encontra-se “o pai” encarnado na forma de um conglomerado de instituições financeiras. “O filho”, neste caso, está sentado à esquerda (direita do leitor), onde toma a forma do norte-americano Citigroup. E à direita (esquerda do leitor), está o “espírito santo”, que se mostra travestido do chinês HSBC. O pai tem toda a força. O filho tem o DNA e, talvez, até mais força do que o pai. Com tanta força quanto os outros, o espírito santo não tem o dna, mas é abençoado.
É muito dinheiro que se movimenta ali. Como diria o outro caçador de Flying Saucers, é “a força da grana que ergue e destrói coisas belas”. Chega a ser o vigor de uma trindade poderosa que, em um reino que não se constrói ou destrói muito, deixa seu povo unido e satisfeito com tanto dinheiro.
E assim, os súditos da rainha espalham-se pelo mundo inteiro. Somo escravos deste dinheiro. Ajoelhamos e beijamos os pés das santidades que detém toda honra e toda glória.

Sunday, May 07, 2006

A lua



A Lua (dizem os ingleses),
É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.

E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.

Sim, todos os meus desejos
São de estar sentir pensando...
A Lua (dizem os ingleses)
É azul de quando em quando.

Fernando Pessoa

PS. Eu ainda não vi a lua azul. Mas se FP diz que dizem, deve ser verdade.

Friday, May 05, 2006

Da minha janela


Da janela aqui de casa, não dá pra ver muita coisa. Do lado direito tem um flat, que se estende até ficar de frente pra minha sala. À esquerda, tem árvore tampando a visão. Pra baixo tem o chão. Pra cima, um cinza caixão.
Mas não é sempre assim. Dias claros pintam com uma certa frequência. Tudo bem que esses dias não duram todo o dia, mas que são bonitos, são.
E foi assim, com a mente pulsando, o olho olhando, a câmera pedindo e a lua se abrindo, que nasceu essa foto.

Thursday, May 04, 2006

London of mine


There are about 7 million of Londoners. I’m one of them for while. For each Londoner, there is one different London. It’s not different with me. So, how could I talk about one special place if it becomes different according to those 14 million of eyes? That’s why I choose to write about my London: the unique London that my eyes have been seeing.
This city shows itself according to what you are looking for. Knowledge, life experience and fun are some of these subjects. I want all of these.
So, my first impression of this place was it’s something like a Babel Tower, where it’s impossible understand each other. It’s possible to find here people from everywhere in this world, from all the five continents. I hadn’t imagined London was as cosmopolite as it was. Also it was hard to find out a dirt London with streets full of rubbish as well as I discover Trafalgar Square is not as big as I had imagined.
On the other hand, I become fascinated with The River Thames (photo). I’ve been listening to people saying it’s too dirty.
I’m not the right person to say that. Mainly because I’m from São Paulo. In my city yes, we’ve got a terrible dirty river: the Tietê. This spring is far unclean than Thames. Apart from, the Londoners River has a really nice view. I love it.
The museums are amazing as well. Where on earth you can find excellent museums with free admission? During my stay in this city, I’ve been visiting all of then. British Museum, The Natural History Museum and Science Museum are my favourites.
Nevertheless, I prefer to walk around the city, getting lost without a specific place to find out about. It was one of these outings that I discovered Regents Canal. It’s a beautiful place witch cross the downtown. Honestly, I'm not sure about that. Anyway, it was wonderful walking along that canal.
But there s a terrible thing about London: the cost of living. It’s so expensive living here. What it’s saving me is this free fun.
I’m going on!

Monday, May 01, 2006

O bom é a surpresa



Em uma passagem do livro American Gods (Deuses Americanos), do inglês Neil Gaiman, um dos personagens diz que o Grand Canyon seria mil vezes mais bonito se você estivesse andando pelo deserto e, de repente, encontrasse na sua frente aquele imenso buraco na terra.
Concordo!
As coisas que mais me surpreenderam aqui em Londres foram aquelas que encontrei “meio sem querer”. Regents Canal, Liverpool Station, Canary Warf (a foto do post anterior) e uma porrada de pequenos parques.
Foi justamente um desses parquezinhos periféricos que me encantaram dia desses: o Epping Forest. Não é um Ride Park da vida, mas tem uma bela de uma paisagem.
O dia ajudou. Com a chegada da primavera, já não faz mais aquele friozão, as flores começam a brotar e as pessoas saem da toca para passear de barquinho no parque. Lindo!
Encontrar aquela beleza enquanto não procurava beleza nenhuma foi beleza demais para um dia vazio.

A estrita relação entre o (meu) pé e a (minha) alma


- E aí cara… Seu pé também dói?
- Nem me fale isso que já dá vontade de chorar. Dói muito!
- O meu também dói. To começando a achar que minha alma fica no pé.
- Como assim?
- Meus pés estão tão dolorido que chegam a doer na alma. Ra ra ra!!!
- É. Não teve muita graça.

Vida de brasileiro em Londres é foda. Desculpe-me leitor a grosseria do vocabulário, mas a verdade é que é foda mesmo.
Claro que não a de todos os tupiniquins, descendentes multinacionais, inclusive da própria nação. Conheço alguns que se dão muito bem por aqui, como aqueles que têm passaporte europeu, falam bem inglês e tem uma boa qualificação. Mas não estou falando deles.
Os sofredores que me refiro somos eu e o Flavio. Até que falamos inglês com certa competência, temos uma boa qualificação e um currículo digno. Eu trabalhava na Editora Abril. Jornalista da área de Gerência de Comunicações, também fazia uns frilas. Um até me rendeu prêmio internacional com uma das maiores revistas brasileiras: a Superinteressante. Já Flavio é homem ligado à tecnologia. Trabalhava na Politec, uma empresa grande desse ramo. O que nos atrasa aqui é o passaporte verde e o visto de estudante, que limita muito nossa empregabilidade.
Como se percebe, tínhamos empregos bons no Brasil. Mesmo assim, largamos tudo para nos aventurar na Europa. O charme do Velho Continente nos havia seduzido. Além do que estávamos cansados da “vidinha”. Também precisávamos aprimorar o nosso parco inglês, né?
Encontramo-nos pela primeira vez no Hilton Docklands, hotel quatro estrelas localizado bem na beira do Rio Tâmisa ou, preferivelmente, The River Thames - se você é da mesma opinião de que eu: nome próprio não se muda. Ali, um dos locais mais bonitos de Londres (óbvio que na minha opinião. Ah vista de Canary Warf, na foto, é fantástica), trabalhamos em festas e eventos. Função? Garçons e carregadores de mesas e cadeiras.
Semana passada, fiz pouco mais de 50 horas em apenas quatro dia de trabalho. Um dia, fiquei quase 16 horas em pé, andando, carregando coisas, vagando pelos corredores do hotel. Pior que, no trabalho, tenho que me fantasiar de caixa do Mc Donalds. Uso calça social, camisa amarela com o símbolo do Hilton, gravata roxa e um ex-belo sapato da CNS.
Calçado bom. Quando novo, era bonito mesmo. Costumava dividi-lo com meu irmão mais novo, o Vinicius, para ir aos bailes de formatura e casamentos dos nossos amigos. Mas o solado de madeira é terrível. Chega a ser o diabo do meu inferno.
Por isso mesmo acho que a alma – a minha, no caso –fica nas solas dos pés. Explico. O diabo quer atormentar a nossa alma, não quer? Assim, atormentando meus pés ele atormenta minha alma, não atormenta? Então, se a alma não fica nos pés, fica aonde? (Caro leitor, para manter o bom nível do meu Blog, não me responda, fazendo o favor.) Se os pés não são a morada da alma, são, no mínimo, o caminho que levam até ela.
Acho que Flavio, dono de uma rotina semelhante à minha, pensa da mesma forma. Afinal, ele também usa um par de sapatos da CNS.
O meu conforto é que mesmo essas 16 horas de garçom não são tão ruins quanto as cinco de quando eu trabalhava lavando pratos. Mas essa já é uma outra história...

Friday, April 28, 2006

London London



London, London

by Caetano Veloso

I'm wandering round and round, nowhere to go
I'm lonely in London, London is lovely so
I cross the streets without fear
Everybody keeps the way clear
I know, I know no one here to say hello

I know they keep the way clear
And I am lonely in London without fear
I'm wondering round and round here nowhere to go

While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky
While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky

On Sunday, Monday, Autumn pass by me
And people hurry on so peacefully
A group approaches a policeman
He seems so pleased to please them
It's good at least to live and I agree
He seems so pleased at least
And it's so good to live in peace and
Sunday, Monday years and I agree

While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky
While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky

I don't know what I left so far away
I don't think, I don't ask and I don't pray
I do not want to make a mess
And I know about nothing that possess
I came around to say yes, and I say
I do not want to make a mess
And I know about nothing that possess
I came around to say yes, and I say

While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky
While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky