Tuesday, August 29, 2006

Eu fico triste quando chega o Carnival


Acho que Luís Melodia escreveu esse verso em Londres, durante um feriado bancário que marca o fim das férias de verão (este ano foi comemorado ontem, 28/8). Explico. Todo ano, quando as férias de verão acabam aqui na Inglaterra, centenas de milhares de pessoas se aglomeram nas ruas de “um lugar chamado Notting Hill”. Lá é realizada a maior festa de rua da Europa: o Carnival (carnaval).

Tem desfiles de umas coisas parecidas com escolas de samba. Ou, pelo menos, tentam ser parecidas. Em outra quadra, tem baile de afro-descendentes. E ainda em outra, uma rave só para brancos.

Eu como não gosto muito de me amontoar no meio da multidão, dei uma passadinha e me mandei. Mas teve muita gente que gostou da comemoração e ficou por lá até tarde da noite (não tão tarde assim, porque aqui a maioria das festas começam e terminam cedo).

Agora é começar a tirar os casacos do armário e esquentar o espírito para que fique preparado para o frio que já está chegando. É por isso que eu também fico triste quando chega o Carnival.

* Na foto, desfile de uma “escola de samba”, que foi assistido por cerca de 600.000 pessoas.

Tuesday, August 22, 2006

Já morei em tantas casas, que nem me lembro mais


Vida de cigano que se leva aqui em Londres. Semana passada cheguei em minha casa nova (foto). A quarta em 14 meses.

Primeiro fiquei hospedado na residência da Miss Deise, uma filipina que veio para esta cidade há mais de uma década. Fiquei lá por um mês. Depois me mudei para uma das casas do Dirceu, um figura conhecida dos brasileiros que moram aqui. Ele aluga quartos e suas casas são conhecidas por serem mais caras e cheias de ratos. Mesmo assim são disputadíssimas – apesar dos inconvenientes, as moradias são boas e o homem é de confiança.

Dalí fui morar em um flat com um amio, que agora é ex-amigo. Por umas pilantragens dele, tivémos que sair de lá e, agora, já estou na minha quarta casa.

Viver em Londres é viver de galho-em-galho. Você não mora em uma casa, mas na cidade.

* Na foto, minha casa nova. Quer dizer, o conjunto do qual a minha casa nova faz parte. Parece ser uma residência só, mas são três. O meu quarto está no térreo de frente para aquela árvore grande.

Thursday, August 17, 2006

Que bom que o Inter foi campeão


Não. Não fiquei louco. Também não peguei nenhuma gauchinha que me fez virar a casaca. Sou sãopaulino e queria que meu time fosse campeão da Libertadores pela quarta vez. Não foi desta vez.

Mas não lamento não. Será que meus amigos ligariam do Brasil para a Inglaterra às 4 horas da manhã (GMT) de uma quarta para quinta-feira só para me dizerem “Falou campeão, o São Paulo é o melhor mesmo”.

Aposto minha genitália que não!

Mas para cantarem o hino do Inter, até se eu estivesse no inferno.

Valeu Inter. Foi bom ouvir meus amigos de novo.

*Na foto, novamente afanada do site do ESTADÃO, o virtual vice-campeão brasileiro que, nesta quarta-feira, bateu o melhor time do mundo.

Monday, August 07, 2006

O pior de Londres são os brasileiros


Chega de falar mal dos outros. Falei dos chineses no post passado (A China e sua vitrine de patos assados). Eles são feios e nojentos sim, mas estão ficando ricos. Devo ter falado de outros povos em textos anteriores. Até chegaram a me sugerir mais nacionalidades para detonar. De certa forma, não sem razão. Mas chega disso. E o meu rabo? Por que não olho para o lado ruim dos brasileiros (como se fosse fácil achar lado bom)?

Todo mundo sabe que nós não somos bem vistos aqui no estrangeiro. De certo modo, o ressábio parece óbvio. Carol Woollery, uma senhora afro-inglesa militante de uma instituição que luta pela igualdade racial no Reino Unido, disse-me que seus conhecimentos sobre o Brasil são formados a partir do que a TV mostra. Ou seja, crianças negras vivendo nas ruas, onde roubam, matam, drogam-se e, principalmente, sofrem.

Como confiar em um povo que deixa suas proprias crianças, o futuro da nação, nessas condições? “Isso é proibido aqui”, ressaltaria ela.

Talvez o horror de Carol fosse maior se ela olhasse para os seus vizinhos brasileiros. Um bando de gente tentando levar vantagens em cima de todo mundo, inclusive de seus próprios compatriotas. Um bando de porcos achando que “são mais iguais que os outros”, porque, afinal, o mundo é dos espertos. E eles são espertos a valer. Simplesmente um bando que acha bacana roubar números de cartões de créditos para fazer compras, vender cursos que não existem, fazer cambalacho para conseguir visto e até produzir documentos falsos (dia desses foram presos dois brasileiros por conta disso).

Querem ser espertos? Então, por que não aprendem a lição inglesa de um tal de Robin Hood? Se for para roubar, que seja dos ricos para dar aos pobres.

Claro que tem brasileiro bom vivendo aqui. O problema é que o mal contamina. Daí não adianta ser cristão, budista, hare krishna, ateu ou o que for. "Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come."

* Na foto, um brasileiro (no caso eu) pensa na sujeira dos seus compatrícios bem na beiradinha do River Thamisa, cuja maré baixa deixava à vista bastante lixo. Pelo menos não fedia.

Wednesday, August 02, 2006

A China e sua vitrine de patos assados


A China ganha cada vez mais destaque na Inglaterra. Quem está por aqui pode constatar a impregnação de três símbolos daquele país: para começar, os próprios chineses, com seus olhinhos puxados, fala gritada e nervosa, dentes estragados, unhas sujas e um estranho hábito (para não dizer nojento) de comer com a boca aberta e fazendo barulho; o HSBC, um dos maiores bancos do mundo, cuja sede européia fica nesta cidade (ler Santíssima Trindade); e Chinatown, um pedaço da China em Londres.

Ali, uma rua de aproximadamente 500 metros, não se fala english (inglês) e sim “ingrish” (ingreis, né?). A identidade visual, por assim dizer, é chinesa. Os restaurantes são chineses com chefs chineses (pode parecer óbvio, mas não é. Eu mesmo trabalhei em um restaurante chinês em outro canto da cidade, onde os chefs eram um brasileiro, um eslovaco e um tcheco).

Apesar de encontrar tudo isso, o que mais me chamou a atenção em ChinaTown foi a vitrine de patos assados dos restaurantes. É uma mistura de cores que chega a ser bonita, mas ao mesmo tempo desgostosa devido a tolerância higiênica de um não-chinês.

Pelo menos pude perceber que até os patos da China são todos iguais, assim como as pessoas de lá.

* Na foto, produzida por Marilia Amorim, a vitrine de patos de um restaurante em ChinaTown. Como legítimos chineses, eles são todos iguais.