Thursday, September 28, 2006

A lua, o Thames e o raio dos Ups and Downs


Ups and downs é uma expressão em inglês usada para explicar a personalidade instável de uma pessoa. Pode ser comparada aos “altos e baixos” que se diz no Brasil. Por exemplo, se fulano sente-se bem pode-se dizer que está up, para cima. O contrário disso é o down, “para baixo”.

No Brasil, diz-se também que as pessoas com essas características são “de lua”. Nunca havia entendido direito o porquê desse termo. Bem verdade também que eu nunca havia parado para pensar sobre o assunto. Até o dia em que o professor apresentou à minha classe esse tal de ups and downs.

Daí a ligar o termo ao “de lua” foi um dois. Bastou eu cruzar o River Thames de manhã e à tarde do mesmo dia para notar o espetáculo da natureza alumiando minhas idéias. Cedinho, o rio estava baixo, quase vazio. O casco do barquinho raspava o fundo de areia (estou exagerando um pouco, tá certo?). Já mais a tardezinha, as águas enraiveceram e tomaram conta do pedaço, como que para lembrar quem é que manda ali.

Mas quem é que manda ali?

As águas não. Essas são simples títeres nas mão invisíveis e magnéticas da lua que, aí sim, comanda o sobe-e-desce da maré. E como o River Thames está praticamente no mesmo nível do mar, também sofre toda essa influência. A mudança de maré ocorre aproximadamente a cada seis horas, variando conforme a lua vigente. (Claro que isso eu não tirei da minha cabeça. Foi o comandante do barco que eu pego todos os dias que me disse. Tem gente que diz que a cheia e a vazante são controladas por comportas.)

* Na foto à esquerda, o River Thames de manhã, quando ainda estava triste e vazio (Um down dos diabos). Ao lado, já ao entardecer, estava todo pimpolho com um up de invejar.

Wednesday, September 20, 2006

Quem tem medo do PCC?


Leicester Square é um dos pontos mais balados da cidade. Principalmente em dias de lançamentos de filmes. A Odeon, uma das maiores redes de salas de cinema da cidade, costuma receber atores como Tom Cruise, Brandon Routh (o novo Superman), Jonny Deep entre outros, que promovem seus filmes naquele por lá.

Mas é em uma ruazinha ali do lado que fica o meu cinema favorito. É o PCC – Prince Charles Cinema. Além de passar clássicos da telona, as entradas são disparadas as mais baratas. Em dia caro, o ingresso custa 4,50 libras. Às sextas-feiras, somente uma mísera libra. Aliás, não só o filme, mas também a cerveja, o refrigerante, a pipoca, os doces, os salgados e tudo mais apresentado na prateleira da lanchonete do cinema.

Como deu para perceber, o PCC daqui também é um perigo. Mata a concorrência (ra. Eu e meu humor inglês)!

* Na foto, eu faço pose de ator bem na frente do PCC.

Wednesday, September 13, 2006

Hoje, o Blog é do meu amigo Joe


Olá “blogueteiros” de plantão, como vão?

Peço licença aos fiéis leitores deste que considero um diário da mais autêntica experiência de vida e não simplesmente um blog, para expressar um pouco da minha experiência de vida.

Com certeza vocês devem se perguntar agora, “quem é esse intruso?”. Eu sou o JOE. The Good Old Joe. Um dos responsáveis pela ida do Henrique, the Poisoned Heart, para a terra onde os cachorros não latem, as pessoas não riem e as moscas te perseguem.
Sou um fiel amigo do Fofo (é! O apelido dele no Brás(z?)il é Fofo, ou Smoothy agora que ele virou ingrêis.), mas esse é um detalhe para um próximo episódio. E eu recebi um ilustre convite para escrever uma passagem minha qualquer na terra da bandeira da cruz vermelha.

Antes de continuar, não, eu não desdenho a Inglaterra, e com exceção de argentinos, árabes extremistas e japoneses kamikases, amo muito todos os povos do mundo. Amo inclusive essa nação bretã e por isso me permito apelidar e brincar com o mais bagunçado dos paises do Reino Unido.

Por isso mesmo que escreverei não sobre uma passagem apenas, mas sobre um sentimento: amizade entre os povos. (sim, por que falar entre amor entre raças ou vira filme pornô ou livro utópico-religioso, então amizade entre os povos é mais real).

Vivi o melhor ano de minha vida aí. Fiz tudo como manda o figurino, estudei, lavei prato, limpei privada, fui barman, fiz dezenas de amigos, conhecidos, colegas, inimigos, invejosos, (filhos?) e curiosos, tomei todas, não guardei um puto e voltei. Por isso posso dissertar com propriedade.

Eu disse há pouco (de fora) que sou um dos responsáveis pela ida do Fofo, para a Grande Bretanha e é verdade. Quando há dois anos morei aí, instiguei-o quase que diariamente para que largasse o trabalho e desse uma reviravolta na sua vida, que até então estava boa, mas podia ficar melhor. Mas Deus quis que não fosse a hora ainda e quando eu voltei ele foi-se.

Mas atendo-me ao fato da minha presença aqui, li com orgulho todos os textos desse blog e me inspirei para contar o porquê da existência dessa peça de crônicas que por hora exaltada ou por hora apaixonada expressa o sentimento diário de um estranho no meio de gente mais estranha ainda.

Quando ainda estávamos no Brasil, eu já retornado e ele para ir, decidimos escrever um livro juntos (plano esse em total vigência). O livro deveria retratar as experiências de dois brasileiros em Londres, em anos diferentes e com propósitos diferentes e mostrar como as situações, pensamentos e vivências são as mesmas.

Conversamos por inúmeras vezes (em sua esmagadora maioria acompanhados de todos os chopps possíveis) e percebemos que isso só não bastava. Falar sobre um brazuca na terra da Rainha seria chover no molhado, ou como eles dizem lá “that would be bloody bollocks”. Então, após alguns meses e muuuitas hi(e)stória nossas, decidimos descrever a visão de dois brazucas dos povos que habitam Londres.

Esse livro vai sair viu, por que, ah esses povos Londrinos. São tantos. Oriundos de todas as partes do globo, fazendo de Londres a cidade mais cosmopolita do planeta, sem dúvida alguma.

Um lugar onde se pode em poucas horas pegar um ônibus pilotado com maestria por um ganes, descer em qq lugar e comprar uma vodka que congela abaixo de 0 graus na conveniência de um indiano, cortar o cabelo em seguida com um russo que corta como ele quer, almoçar um belo kebab árabe, tirar uma foto para um chi-japo-kore-ano-nes, tomar uma pint servida por um brazuca e ir pra aula que está lotada com exemplares Americanos, Australoptecos, Sul Americanos, Orientais e se der sorte, até Eskimós, só pode acontecer em Londres.

Em Londres eu aprendi o significado de convivência. Aprendi que todos os bairrismos que cultivamos aqui no Brasil são atrasos de vida. Aprendi que odiar cariocas, xingar baianos, discriminar nortistas é além de baixo e pobre de espírito, pobre de convivência.
Com tantas culturas lá fora, se fechar num mundinho egoísta e pequeno te impede de crescer não só culturalmente mas também espiritualmente.

Fazer amigos e aprimorar sua massa encefálica não tem preço.

Minha vontade seria continuar verborragiando aqui e passar cada sentimento, cada experiência de vida, cada aprendizado que tive. Mas aí talvez só o Fofo fosse ler. Mas aguardemmmmm o livro.

Por isso vou terminar dizendo que eu acredito mesmo, que todo ser humano deveria passar um tempo fora de sua vidinha cotidiana. Ok, que não seja em Londres, mas que seja em algum lugar que proporcione tanto aprendizado quanto se pode ter lá.
Viaje cidadão. Sem medo! Viva essa experiência pois eu GARANTO que você não vai se arrepender.

Deixo a todos um enorme abraço, obrigado pela presença dos que chegaram até aqui e deixem seus comentários. Meu email é jhovac@gmail.com.

Fiquem a vontade de escrever o que quiserem.

Com carinho
Joe

* Na foto, o meu amigo Joe na época em que morava aqui em Londres. Naquele tempo ele era menos gordinho e tinha um pouco a mais de cabelo. Saudade docê, mano velho.

Tuesday, September 05, 2006

O mundo se divide em dois no parque mais bonito de Londres


Beleza, charme e notoriedade. O que mais dizer daquele que elegi como o parque mais bonito de Londres?

Não quero ser injusto com os outros grandes parques da cidade, que também são dotados de beleza ímpar, assim como charme e notoriedade. Mas Greenwich Park tem algo mais. Além de belos jardins e uma vista estupenda, suas terras são cortadas pelo Meridiano de Greenwich que, como aprendemos nas aulas de Geografia, divide o mundo em Ocidente e Oriente. Eu lembro que uma das minhas professoras me ensinou que as horas do mundo são contadas a partir dali.

Quer importância maior do que essa? Também nos tempos de primário, aprendi que o maior ditador do mundo não foi Hitler e tampouco está morto. O maior ditador do mundo, meus amigos, é o relógio. Mas acho que isso também não é novidade, é?

* Na foto à esquerda, o marco que divide o Ocidente (à direita ) do Oriente. Na outra, um dos belos jardins de Greenwich.