Saturday, May 27, 2006

Cadê o gol?

E lá de Londres, o amigo liga para o Brasil.

- Poxa, como pode um cara tipo o Galvão não gritar gol quando é gol?
- Sei lá. Mas o Galvão grita gol.
- Não falo do Galvão propriamente dito, mas dos locutores aqui da Inglaterra. Eles não gritam gol.
- Nossa mano. Que estranho.
- Estranho!? Chega a ser nojento. Deprimente. Dá pra imaginar o Grafite fazendo um gol e o Galvão não comemorar?
- Que Grafite o quê. Eu quero é o gol do Carlitos. O Galvão adora quando o Carlitos faz gol.
- Que seja. Imagine a bola balançando a rede e o Galvão não gritar gol.
- Cê tá louco! Não quero nem imaginar. Claro que o Galvão vai gritar. Até quando a Argentina marca em cima do Brasil o maldito berra. Se não gritar no gol do Carlitos, eu vou lá na Globo e mato o desgraçado!
- Cara. É isso que eu quero te explicar. O “Galvão” aqui da Inglaterra não grita gol. Ele começa a falar um monte de coisas, que eu não entendo.
- Se você não entende, como pode saber que não gritam gol?
- Porque gol é gol no mundo inteiro!
- Mesmo aí na Inglaterra?
- Aqui também. Aliás, o primeiro gol foi marcado aqui. Eles tinham obrigação de enaltecer o feito.
- Ah tá. Entendi. Concordo plenamente.
- Gol é sagrado. Ver um sem o testemunho do grito, não tem a menor graça. Se fosse o tal do rugby, tudo bem, porque o gol não é gol mesmo.
- Mas o que é rugby? E que papo é esse de gol não ser gol? Você mesmo disse que gol é gol.
- Mas no rugby é um pouco diferente. Sabe o futebol americano?
- Sei sim.
- Então. É quase a mesma coisa. Os jogadores carregam aquela bola oval e correm em direção a uma trave em forma de estilingue. Só que eles não querem saber de proteção. É o uniforme e pronto.
- É mesmo? Eles não usam capacete não?
- Que nada! Acho que se não fosse o risco de confundir os times, eles jogariam até pelados.
- Que veadagem.
- Brincadeira... Onde é que estávamos mesmo?
- No gol.
- Não, não. Na cara do gol. Você sabe que eu perguntei pro meu professor de inglês se há algum motivo pros Galvões daqui não gritarem gol?
- E o que foi que ele disse?
- O cara falou que é ridículo alguém gritar gol. Disse que é coisa de louco.
- Mas que mané!
- É!
- Olha. Eu acho o Galvão muito chato. Insuportável, pra dizer bem a verdade. Mas ele que se atreva a não gritar no gol do Coringão. Inglês é besta, é? Eles não gostam de futebol não?
- Eles amam futebol. Tanto ou (desculpe a heresia) mais do que os brasileiros.
- Mas, pelo jeito, não gostam de gol.
- Acho que gostam sim. Na verdade, acho que preferem ganhar. Com ou sem gol, o que importa é a vitória e não o show.
- Entendi... Espera um pouco, que o Coringão está no ataque. “Parou, bateu... É gol. Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooollllllllllllll do Corinthians. Teves.” Goooooooooooooollllllllllll irmãzinho. O Carlitos marcou mais um. Chora pó de arroz.
- (Um resmungo) Eu odeio o Galvão. Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu...

* Esta é uma obra de ficção, assim como os gols do Coringão.

2 comments:

Anonymous said...

Rsrsrsrs adorei a finalização:''Esta é uma obra de ficção, assim como os gols do Coringão.''

BJS

Anonymous said...

Olá Henrique!
Gostei muito de seu blog!
Até porque gosto muito da Inglaterra.
Trabalho com seu irmão aqui na Sky, ele é super gente fina!
Vc já foi até a Irlanda e a Escócia? Tbém adoro estes paises e desejo conhece-los.
Os artigos estão muito bons! Divulgarei seu trabalho.
kisses!
Ivone Patelli