Monday, July 24, 2006

Speakers’ Corner é o exemplo mais claro de liberdade de expressão


O Hyde Park é o maior e um dos mais bonitos parques da região central de Londres. Jardins, lagos e uma ampla área de lazer chamam a atenção dos visitantes. Só que isso é o mínimo que se espera de um parque em Londres. E isso há em quase todos os parques da cidade. Mas existe uma rua ali que é única: a Speakers’ Corners (algo como rua dos dircursadores).

Nela, principalmente nos domingos de sol, pessoas de diferentes ideologias expõem e defendem suas crenças. Tem japonês da Universal Church of the Kingdom of God (pasmem, é a Igreja Universal do Reino de Deus, aquela do bispo Edir Macedo sim. Essa turma até que faz um sucesso aqui), negros contra o racismo, mulçumanos, políticos e, claro, os céticos. Isso sim é democracia.

O mais interessante é que essa tradição é secular. Os primeiros Speakers apareceram por lá em 1872, quando foi criada uma lei legalizando o ato de falar em público.

Ok, ok! Legal. O problema é que com tanta gente acreditando em coisas tão diferentes fica difícil acreditar em alguma coisa. Por isso entrei para o time do amigo da placa ali na foto, que dizia “Do not beleave anyone. Including me" (não credite em ninguém. Nem em mim).

* Na foto da esquerda, um mulçumano prega a palavra de Ala na Speakers` Corner, sendo observado por um cético, cuja placa declara que não existe inferno. Na foto ao lado, esse mesmo homem mostra o outro lado da placa: "No credite em ninguém. Nem em mim."

Thursday, July 20, 2006

Europeu não toma banho e o legítimo humor brasileiro


“Vamos falar de um tal de Santos-Dumont, um brasileiro que supostamente inventou o avião”, disse o professor de inglês, em um toque sutil e provocativo, típicos do humor inglês, por assim dizer.

“Supostamente o escambau”, responde uma aluna brasileira indignada. “Não só inventou o avião, como também o relógio de pulso.”

“E digo mais”, toma a palavra um outro brasileiro. “Não só inventou o avião e o relógio de pulso, como também o chuveiro, coisa que você não usa há muito tempo”, ataca afiadamente, em um misto de presença de espírito, conhecimento e, claro, humor brasileiro (por razões de segurança, os personagens não serão identificados).

Rarararararararararara. A classe explode em risos. Então, ria também!

Moral da história
Não diria que é verdade a fama do europeu não tomar banho. Mas não me atreveria a desmentir. De vez em ‘sempre’ cruzamos com uma turma fétida nas ruas, causando até ardência nas narinas.

Talvez justamente pelo fato do europeu ter essa fama emporcalhada que o professor ficou sem graça com a piada, mesmo não carregando ele a fedorentina. Por outro lado, se ficou embaraçado, deve ser porque, vez ou outra, o sujeito pula o banho.

OK. Não vamos generalizar. Conheço uma espécie inglesa que nunca deixa de banhar-se: os patos. Gostam tanto que, dia desses, passeando pelas intermediações do Green Park, ali perto do Palácio de Bunckingham, pude flagrar um exemplar dessa espécie curtindo em uma fonte real. Refrescante!

* Na foto, patinho inglês toma seu banho diário. Ele nem deu bola para os olhares curiosos dos turistas.

Tuesday, July 18, 2006

Mantra Dance Fetival dos Hare Krishnas: eu fui!


No fim de semana que passou, fui convidado para ir a uma festa que, essa sim, chamaria de inusitada: Mantra Dance Festival!

Não sabia o que esperar de um evento organizado pelos hare krishnas londrinos, como foi esse. Em minha cabeça, o pré-conceito harekrishiano dizia-me que essa seria uma festa estranha com gente esquisita, na melhor forma de Eduardo, aquele da Mônica, que fazia sucesso na voz do Renato Russo. Mas como um carinha mente-aberta que tento ser, fui. E não é que eu tinha razão?

Os seguidores do movimento estavam vestidos a caráter, ou seja, com aquelas roupas parecidas com mortalhas, que eles chamam de dote (ou algo do tipo). Também ouviam em alto e bom som o infindável mantra “Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare”. Os versos eram cantados horas a fio por bandas (se é que posso dizer assim), cujos músicos faziam suas performances com instrumentos típicos da índia. Moças e rapazes dançavam em êxtase com o hipnotismo daquele som. Lembrou-me vagamente a dança da caverna em Matrix Reloaded. Uma moça me avisa: “Olha. Eles não usaram nada não, viu? É uma loucura natural.”

Deu para perceber. Até porque não eram somente os jovens que estavam ali. Senhores e senhoras de aparência distinta também compareceram. Só que esse grupo não ousou dançar, apenas apreciar a adoração ao deus Krishna.

Ponto de vista
Mesmo sendo eu um vegetariano e um abstêmio de drogas, alguns dos preceitos básicos dos seguidores dessa religião, confesso que me senti um peixe fora da água. Conversando com uma adoradora de Krishna, tentei entender um pouco dessa filofia. Para falar bem a verdade, não entendi nada. Por isso, não vou tentar explicar.

O que ficou foi a mensagem de paz. Não me atreveria julgar algo que não conheço. Falo somente daquilo que vi.

Então, deixo aqui minha mensagem de paz para você, leitor.

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare. Dizem que esse mantra tem muito poder.

* Na foto, gentilmente cedida pelos hare krishnas, a banda e os seguidores do movimento em adoração ao deus hindú.

Tuesday, July 11, 2006

Palácio de Bunckingham: o que dizer?


Já visitei o palácio de Buckingham algumas vezes. O que dizer? Nada além de “o brasão da família real fixado nos portões de entrada é bonito”.

O que mais?

Uma inevitável resposta vem aminha mente: “pô. Sei lá, entende?”

Tudo bem que a construção foi residência oficial da monarquia inglesa desde 1837, na época da rainha Vitoria – agora, a rainha Elizabeth II, que morou muito tempo lá, volta para o Castelo de Windsor, onde passou sua juventude. Também é verdade que ali já passaram e ainda passam líderes de estados do mundo todo - inclusive o Lula esteve lá recentemente para tomar um chá com a rainha. Sem contar na abundância numérica de suas dependências - ao todo, são 429 cômodos divididos em 19 salas, 52 quartos, 188 quartos para empregados, 92 escritórios e 78 banheiros – e da riqueza que suas paredes e tetos abrigam. Ah. Esqueci de falar sobre a maior mesa de jantar do mundo: 55 metros de comprimento, nove de largura e 160 lugares (informações colhidas no site da revista Isto É).

Mas há algo de estranho com aquele monte de tijolos e cimentos. Ele é imponente, bem digo, porém, suas linhas são destoantes. Algumas vezes olho para ele e não vejo nada além do que um prédio largo do Cingapura, aqueles das favelas de São Paulo. Até a cor é parecida.

Vai ver que é por isso que o Palácio de Buckingham é considerado uma das construções mais feias de Londres. Se não estou enganado, ficou em quarto lugar.

Saturday, July 08, 2006

7 é o verdadeiro número da besta no Reino Unido

Ontem, 7/7, fez um ano que os terroristas islâmicos detonaram uma série de bombas no metrô de Londres e em um ônibus. Por conta disso, 52 pessoas morreram. Como forma de recordação e respeito, os ingleses fizeram, ao meio-dia, dois minutos de silêncio.

Onde eu estava há um ano
Lembro que eu estava na aula de inglês quando a professora Jennifer, uma bela loura canadense, anunciou o fato. O diretor reuniu a todos no espaço que deveria ser a cantina do prédio e explicou a situção, dizendo que não haveria aula no dia seguinte.

Aquela quinta-feira estava cinza, mas quente. De vez em quando garoava. Eu tentava ligar para casa, no Brasil, mas era impossível. Os celulares não tinham sinais e os telefones públicos não davam conta de completar as milhares de ligações que estavam sendo feitas.

Foi o dia da besta. Estranho um dia da besta cair no dia 7/7 do ano de 2005 (2 + 0 + 0 + 5 = 7), matando 52 pessoas (5 + 2 = 7). Cadê o 666? O 7 não é(ra) um número sagrado? Aqui no Reino Unido não. A besta tem a marca do 777 - 7. Ou terá sido esse um castigo de Deus?

E estão dizendo que vem mais por aí.

* Na foto, gentilmente roubada do site do estadão (desculpe a falta, caros colegas), o primeiro ministro Tony Blair, que muitos dizem ser uma besta, outros ministros e alguns bombeiros fazem dois minutos de silência em recordação às vítimas dos ataques terroristas de 7/7/2005.

Monday, July 03, 2006

Swing da Mandinga enfeitiça torcedores frustrados (primeiro da série “Músicos brasileiros em Londres”)



Não foi desta vez que o Brasil foi hexa. Tudo bem. Foi só a nossa primeira tentativa de ganhar a Copa do Mundo de novo. Apesar disso, a tristeza fica e só com Mandinga para o povo ficar feliz.

Pelo menos foi assim no domingo, 1/7, depois da vitória da França em cima da seleção amarelada. A banda dos brasileiros Kiko Perrone (vocal, violão e guitarra) e Kita Steuer (vocal e baixo), que também conta com o inglês Charlie Lewis nos teclados e com o português Mike Gomes na bateria – além deles, essa exibição contou com a participação especial do percurssionista Lucas Azevedo (falarei mais dele em futuros posts) -, animou os torcedores frustrados que assistiram ao jogo na casa de shows Guanabara, um dos maiores redutos da música brasileira em Londres.

Ali, o público conferiu a qualidade musical do quarteto (que estava quinteto) em um repertório baseado no reggae, soul e samba-rock. Tudo isso demonstrado por meio de sucessos internacionais e brasileiros, além de composições próprias. Arranjos, solos e rifes vibrantes rechearam a performance da banda. Apresentação impecável. Também pudera. O que tem menos tempo de estrada toca há 15 anos.

Conexão Sampa – Londres
Kiko e Kita se conhecem há 20 anos. Trabalhavam juntos em São Paulo. Eram músicos de estúdio, o que significa que tocavam na gravação de CDs de outros músicos. Em 2004, já em terra bretã, os dois formam a banda Mandinga.

Entre apertos e perrengues, os dois superaram as dificuldades e estão conseguindo viver somente de música nesta cidade. “Londres é muito melhor do que São Paulo para a música. temos muito mais shows aqui", afirma Kita. Já Kiko pondera: “No Brasil, eu estava cada vez melhor na minha carreira de compositor. Mas acho que a principal vantagem de viver aqui é a qualidade de vida.”

Para saber mais sobre a banda Mandinga, visite o site www.mandingamusic.com.

* Na foto, que foi Maluf quem fez (no caso, Ricardo Maluf - agradeço a colaboração), Kita e Kiko felizes da vida com a estréia no Guanabara. Nem ligaram pro 1 x 0 da França.