Monday, April 07, 2008

O jornalismo e a friaca inesperada na Europa


Hoje é dia do jornalista. Parabéns aos jornalistas desse mundão. Parabéns pra mim, que sou mais jornalista do que muitos jornalistas por aí. Tenho um diploma, diploma traduzido pro inglês, minha carteira nacional de jornalista e, também, minha carteira internacional. É papel que não acaba mais só pra convencer o mundo de que eu sou jornalista.

Mas, na verdade, o que é ser jornalista? Se você der uma espiada lá na Wikipédia, vai ver que, primariamente, é a observação e descrição dos eventos.

Então, se jornalista é aquela pessoa que observa e descreve os fatos, todos nós somos jornalistas, certo?

Errado. No Brasil, só quem tem papel assinado é que pode ser jornalista. Por falta de um, eu tenho quatro. Eu posso!

O sindicato dos jornalistas, do qual faço parte, faz uma campanha danada pra que as coisas continuem assim.

Por um lado, acho uma luta nobre. Afinal, nós, jornalistas profissionais, investimos tempo e dinheiro em nossa formação. Justo que tenhamos certos privilégios profissionais.

Por outro lado, jornalismo não é uma profissão técnica, como engenheiro, arquiteto ou analista de sistemas. O jornalismo está ligado mais à alma do ser humano. Não é profissão exata tampouco biológica. É humana. E, de certa forma, toda a área de humanas está mais relacionada ao talento pessoal do que nas outras.

Veja só o músico, o publicitário, os artistas etc. Muitos deles passam anos na universidade para ficarem prontos para exercer a profissão. Mas esse não é um caminho obrigatório. Claro que cada uma dessas profissões contam com suas entidades de classe para defender seus interesses. Isso não quer dizer que sejam necessários quatro anos de estudos para que possam ser considerados profissionais.

Tempo, no que diz respeito à formação profissional para carreiras humanas, não é o mais importante. Até porque, leva-se uma vida inteira para aprender algumas coisas, e outra para melhorar. Então, o negócio é fazer da melhor forma que é possível no momento do agora. O negócio é ser competente.

Frear a possibilidade de qualquer cidadão exercer o jornalismo é frear um dos princípios básicos do jornalismo, que é a liberdade de expressão.

Defender o contrário é fria. Uma fria tão gelada quanto a nevasca que caiu aqui em Londres ontem.

* Na foto, toda a literalidade da expressão "nevou no telhado", que algumas pessoas insistem em dizer sobre os meu cabelos brancos.

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